Encravada a quase 2 mil quilômetros da costa sudeste da África, as Ilhas Maurício se tornou um dos destinos de lua de mel mais cobiçados no mundo, e é fácil entender porquê. Ela oferece praias paradisíacas, montanhas incríveis e uma intensa riqueza cultural, construída pela herança de um povo miscigenado. Foi descoberta em 1598 pelo bon vivant holandês, Maurício de Nassau. Por ironia, o príncipe era solteirão convicto e deixou o mundo sem nunca ter se casado. Mal podia imaginar que a ilha, que outrora ele havia revelado para a Europa, se tornaria hoje um dos destinos que pairam nos sonhos de noivos por todo o planeta, repleta de hotéis focados em mimar e surpreender casais enamorados.
Hospedagens de luxo
Há alguns bons anos, as águas de tom azul turquesa do Índico começaram a chamar a atenção de grandes redes de hotéis de luxo que decidiram investir pesado na infraestrutura de resorts da ilha. Na disputa pelos melhores pontos da costa estão marcas como Four Seasons, St. Regis, Shangri-La, InterContinental, The Oberoi, Shanti Maurice e dezenas de outras incríveis refúgios.
Um dos que têm recebido muitos casais da América do Sul é o pioneiro Beachcomber Hotel, que fez da ilha o celeiro de seus empreendimentos de sucesso. São oito propriedades, sendo metade delas quatro estrelas e as outras, luxuosas cinco estrelas. Por terem sido um dos primeiros a acreditar no potencial turístico do país, seus resorts conseguiram localização privilegiada como os vizinhos Dinarobin e Paradis, divididos por um dos melhores campos de golfe da ilha.
Ambos hotéis ficam aos pés do principal cartão-postal, o imponente monte Le Morne. O monólito de basáltico de quase 600 metros de altura integra uma imensa baia de água azul turquesa que impressiona até os mais experientes viajantes. O gigante está tão próximo às propriedades que parece fazer parte do cenário da quadra de tênis do Dinarobin, que aliás, é mais sereno e costuma receber mais casais que o vizinho Paradis, considerado o maior resort de lazer da ilha, bem procurado por famílias. No Dinarobin, um dos destaques é o restaurante asiático Umami, que traz a riqueza dos pescados e frutos do mar do Índico, com influências das cozinhas indiana, tailandesa, chinesa e japonesa.
Outro disputadíssimo resort da marca é o Trou aux Biches Beachcomber Golf Resort & Spa. A nordeste da ilha, próximo a badala Grand Baie, a propriedade é seguramente a que tem mais piscinas privadas em vilas e suítes de Maurício. São dezenas, diversas delas de frente para uma praia de água hipnotizante, onde hóspedes se revezam entre receber massagens nas esteiras espalhadas pela orla, e nas atividades aquáticas como windsurfe, stand up paddle e até water ski. Em meio a um impressionante paisagismo de jardim tropical, há seis ecléticos restaurantes, com destaque para o italiano Il Corallo e para o belíssimo e exótico indiano Mahiya.
Próximo ao Trou aux Biches, está o mais cobiçado dos hotéis beachcombers. O suntuoso Royal Palm é considerado um dos mais exclusivos resorts de Maurício. Com a chancela The Leading Hotels of the World (LHW) a propriedade exala romance. Do hall de entrada intimista, até a praia – praticamente privada – é evidente o clima construído para agradar casais apaixonados. São três galerias de arte, bar de uísque, um espetacular Spa com o menu assinado pela Clarins, três autorais restaurantes chancelados pelo estrelado chef francês Michel de Matteise e 69 suítes de frente para o mar. A mais cobiçada é a Royal, com nada menos que 300m2. Veja foto a seguir:
Outro lendário da ilha é o One&Only Le Saint Géran, que foi reinaugurado em dezembro passado, após um expressivo projeto de renovação de milhões de dólares. A propriedade oferece um belíssimo campo de golfe, idealizado pelo legendário jogador Gary Player e sua equipe de designers.
Além disso, o O&O fica bem próximo ao site do histórico naufrágio do navio Le Saint Géran, onde é possível explorá-lo com mergulhos organizados por divemasters do hotel, que também levam hóspedes a Fosse aux Requins e na Catedral, para nadar com tubarões de recife e com incríveis galhas brancas. Confira:
O que fazer
Além das espetaculares experiências dos resorts, Maurício encanta por oferecer muitas atrações que seguramente movimentarão a paixão de noivos com alma exploradora. A baía onde está o Le Morne, cuja paisagem cultural se tornou Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, oferece diversas atividades. Para os mais radicais, bem próximo ao local está o One Eye (um olho), uma linda península, considerada meca do kitesurf no mundo, o segundo melhor pico, atrás apenas do Havaí. Também, pertinho, está o charmoso vilarejo de Tamarin, de atmosfera tranquila e com uma das melhores praias para surf da ilha.
Uma atividade para casais fazerem juntos é o imperdível mergulho com golfinhos. Experientes capitães guiam turistas até o local onde eles estão se alimentando. Aproximam-se deles e dão o sinal para que o turista salte do barco munidos apenas de máscaras e pé de pato. A visão é de estar dentro de um imenso aquário natural, assistindo ao balé das doces criaturas. O passeio leva também para conhecer a impressionante Crystal Rocks, formações de origem vulcânicas que brotam na superfície das águas da baia, onde o snorkel é a melhor pedida.
Há também incríveis desbravações “a seco”, no interior de Maurício, como a da região de Chamarel. Vale demais participar do passeio guiado em um tour de bike elétrica. Começa em um dos restaurantes mais cênicos da ilha, com um mirante de tirar o fôlego, o Le Chamarel, onde é produzido um premiado café. De lá, o grupo segue para uma terapêutica pedalada pelas montanhas até o Parque Nacional Gargantas do Rio Negro, onde fica a Cachoeira de Chamarel, com 100 metros de altura. Não há acesso a base, mas a vista é magnífica.
Vizinha a ela está a Terra das Sete Cores. Trata-se de curiosas formações de sedimentos vulcânicos como pequenos montes, expostos em paralelo, de diferentes colorações. O site é um dos pontos turísticos famosos da ilha, assim como as destilarias de rum, como a renomada Chamarel, também na região da cachoeira.
A trip de bike termina na costa, na famosa Baie du Cap (B9) que serpenteia as águas turquesas do sudeste. Estonteante, ela é aclamada pelos locais como uma das mais lindas rodovias costeiras do mundo.
Para quem se interessa em história, também vale a visita ao incrível museu da cana de açúcar, que nos faz refletir como o Brasil, um dos maiores produtores do mundo, ainda engatinha na questão de atrações turísticas e educativas. Maurício já foi um dos maiores no plantio de cana do mundo.
Outras atividades:
– Diving: Meca do esporte, são mais de 30 pontos de mergulhos espalhados por 330 km de costa, entre corais e naufrágios.
– Badalações: é no norte, em Grand Baie, as melhores opções de restaurantes e discotecas. Prepare-se para bailar a Sega Music.
– Leões brancos: no Casela Nature & Leisure Park é possível entrar nos cercados dos felinos e até tocá-los, tudo com muita segurança.
– Grand Bassin: um lugar fascinante que mostra toda força e cultura da religião Hindu. Estátuas de deuses circundam o lago sagrado, considerado uma extensão do Ganges na Índia. O santuário inspirador conta ainda com duas estátuas de deuses com mais de 30 metros de altura, que podem ser avistados ao longe. Se a viagem for programada para fevereiro, certifique-se de ir na semana em que acontece o Maha Shivatree, o principal festival espiritual e cultural da ilha. O evento reúne milhares de hindus, repletos de oferendas e presentes de gratidão.
Capital multicultural
A capital Port Louis é um centro que precisa ser visitado. O mercado municipal exala a essência da ilha. Os rostos mais comuns são de indianos (65% da população), mas é lá que é possível sentir a harmonia de diversas etnias, como chinesas e africanas, que formam um pote de religiões antagônicas. Um exemplo mundial de que se houver respeito, o convívio em paz não é utopia.
No centro vale também a visita ao jardim botânico da cidade, amplo e muito bem cuidado. Pelas ruas de Port Louis, aromas capturam os turistas. É vasta a cultura do chamado street food. Os hotéis também oferecem experiência interessantes, como o Shanti Maurice, que propõem uma imersão gastro-cultural batizada de La Kaze Mama. Hóspedes são convidados a um jantar informal na casa da dona Goingoo, avó de um dos funcionários do resort. Pilotando seu fogão com maestria, ela ensina sua arte produzindo pratos típicos, como o Mauritian Halím, servida como uma sopa de lentilhas com carne de carneiro. Também há na mesa o curry de peixe com especiarias, coentro e tamarindo. A farta refeição em ambiente divertido, retrata com nitidez as influências das escolas indiana, chinesa e africana, mescladas nesse exuberante paraíso do Índico.
Informações gerais
Visto: basta passaporte válido por seis meses.
Fuso: 6 horas a frente (Brasília – horário de verão).
Idioma: inglês e francês – mas os locais também falam crioulo.
Moeda: rúpia mauriciana, porém o dólar é bem aceito. R$ 1,00 equivale a 10,25 rúpias (cotação de 2018).
Ilhas? Sim, o nome está no plural, pois há outras que formam o país. A mais representativa é a Ilha Rodrigues, e há ainda Agalega e São Brandão. Mas todas estas, e outra pequenas ilhas que as cercam, estão bem afastadas de Maurício e não possuem estrutura turística de luxo.
Quando ir: a temperatura é agradável o ano todo. No verão chega a 34º C e no inverno por volta de 22º C.
Partindo do Brasil: para conhecer as Ilhas Maurício o recomendável é combinar a trip com uma parada na África do Sul, onde há incríveis opções como safári no Kruger National Park e uma visita à cênica Cidade do Cabo. São cerca de 8 horas de São Paulo a Johanesburgo e mais 4 horas até as Ilhas Maurício.
Transporte interno: são necessárias duas horas de carro, de um extremo ao outro, para desbravá-la. É a distância, por exemplo, entre a famosa Ile Aux Cerf (ilha dos cervos), cartão-postal de areias brancas no lado leste, onde turistas se encantam com a prática de snorkel ou parasail; até a península do cinematográfico Le Morne, na costa oeste.
Boa viagem!